A economia do país, em grande medida, está a ser gerida pelas mulheres que se encontram no sector informal e que, por isso, a sua contribuição não conta para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Graça Machel questiona como é que num país onde a economia é fundamentalmente gerida pelas mulheres elas estão excluídas da banca formal.
A Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), que apresentou no evento Experiências sobre o Acesso às Finanças e Empoderamento Socio-económico das Mulheres em Moçambique, entende que o desafio do país para os próximos 15 anos, enquadrado nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, passa por integrar as actividades económicas das mulheres na economia formal.
“A partir do momento em que as mulheres se integrarem na economia formal, elas começam a aprender a utilizar instrumentos mais sofisticados sobre a sua participação nessa economia”, disse.
Lembrou aos presentes que a inclusão financeira no país não é um assunto apenas reservado as mulheres. Trata-se de uma questão de primordial importância para o desenvolvimento de uma nação e de transformação social.
Segundo ela, todos os pronunciamentos feitos pela opinião pública, com recurso a Constituição da República e as demais leis em vigor, caem por terra enquanto não se ter em conta a centralidade da inclusão das mulheres na economia formal.
Esclarece que a inclusão das mulheres não quer dizer uma mera participação desta camada na economia, mas antes, implica a presença das mulheres em lugares estratégicos de liderança e de gestão, na definição de políticas económicas, na definição das estratégias, dos planos, na implementação e na avaliação de actividades que visam a transformação social.
Graça Machel diz haver, no país, um esforço muito tímido de incluir formalmente as mulheres em actividades de índole financeira. Para ela, a participação da mulher na banca formal não vai acontecer por si só, deve ser promovida vigorosamente.
“Cabe ao Governo olhar para as suas políticas e definir mecanismos claros sobre como vai fazer a inclusão financeira das mulheres”, frisou.
Num outro desenvolvimento Graça Machel reconheceu o facto de Moçambique ser referência na região e no mundo da participação da mulher em actividades políticas. Ela diz que os números são encorajadores mas pode discutir-se a qualidade dessa participação.
A I Conferência Internacional sobre a Igualdade do Género foi uma organização conjunta do Centro de Coordenação de Assuntos do Género da UEM (CeCaGe) e da Cooperação Italiana.